quinta-feira, 31 de julho de 2008

Quando Deus sussurra o seu nome - Max Lucado

"As ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para for
(João 10:3, ACF).

Quando vejo um rebanho de ovelhas vejo exatamente isso: um rebanho. Um monte de lã. Uma manada de cascos. Não vejo uma ovelha. Vejo ovelhas. Todas iguais. Nenhuma diferente. Isso é o que eu vejo. Mas não é assim para o pastor. Para ele, cada ovelha é diferente. Cada face é especial. Cada rosto tem uma história. E cada ovelha tem um nome. A dos olhos tristes, essa é Droopy. E aquele que tem uma orelha parada e a outra caída, o chamo Oscar. E esse pequeno que tem a mancha preta na pata, é órfão e não tem irmãos. O chamo José.
O pastor conhece suas ovelhas. As chama pelos seus nomes.

Quando vemos uma multidão, vemos exatamente isso: uma multidão. Enchendo um estádio ou inundando um centro comercial. Quando vemos uma multidão, vemos gente, não pessoas, mas gente. Uma manada de humanos. Um rebanho de rostos. Isso é o que vemos.
Mas não é assim para o Pastor. Para Ele cada rosto é diferente. Cada face é uma história. Cada rosto é uma criança. Cada criança tem um nome. A dos olhos tristes, essa é a Sally. Aquele velhinho que tem uma sobrancelha levantada e a outra baixa, seu nome é Harry. E esse jovem que manca? É órfão e não tem irmãos. O chamo Joey. O Pastor conhece suas ovelhas. Conhece a cada uma pelo seu nome. O Pastor o conhece. Conhece seu nome. E nunca o esquecerá.
"Nas palmas das minhas mãos eu te gravei" (Isaias 49:16, ACF).
Pensamento surpreendente, não acha? Seu nome na mão de Deus. Seu nome nos lábios de Deus. Talvez tenha visto seu nome em alguns lugares especiais. Num prêmio ou num diploma, ou sobre uma porta de madeira de cedro. Ou talvez tenha ouvido seu nome na boca de algumas pessoas importantes: um treinador, uma celebridade, um professor. Mas pensar que seu nome está na mão de Deus e nos lábios de Deus... opa, será isso possível?
E possivelmente nunca tenha visto que seu nome seja honrado. E não podes se lembrar se alguma vez ouviu que o mencionaram com gentileza. Se esse é o caso, é possível que lhe seja ainda mais difícil acreditar que Deus conhece seu nome.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

terça-feira, 1 de julho de 2008

O Vento em Nosso Rosto - A. W. Tozer

“Deus vos chamou para o lado de Cristo”, escreveu o piedoso Rutherford, “e agora o vento está dando no rosto de Cristo nesta terra; e vendo que estais com Ele, não podeis esperar abrigo a sotavento ou do lado ensolarado da escarpa”. Com a bela sensibilidade para as palavras que caracterizava a mais casual declaração de Samuel Rutherford, ele aqui cristaliza para nós um dos grandiosos fatos radicais da vida cristã.
O vento está soprando no rosto de Cristo e, porque O acompanhamos, também temos o vento em nosso rosto. Não devemos esperar menos. O anseio pelo abrigo ensolarado é deveras natural, e, para as criaturas sensíveis que somos, é inteiramente desculpável, suponho eu. Ninguém gosta de andar no vento frio. Contudo, a igreja vem tendo de marchar com o vento dando em seu rosto através dos séculos.
Em nossa avidez por conseguir conversos, temo que ultimamente pese sobre nós a culpa de usar a técnica do vendedor moderno, que geralmente apresenta só as qualidades desejáveis de um produto e ignora o restante. Vamos às pessoas e lhes oferecemos um lar confortável no lado ensolarado da escarpa. Se tão-somente aceitarem a Cristo, Ele lhes dará paz mental, solucionará os seus problemas e seus negócios, protegerá as suas famílias e as manterá felizes o tempo todo. Elas acreditam em nós e vêm, e o primeiro vento frio as envia arrepiadas a algum conselheiro para ver o que está errado; e essa é a última notícia que temos de muitas delas.
Os ensinamentos de Cristo revelam que Ele é realista no melhor sentido da palavra. Em parte nenhuma dos evangelhos encontramos algo que seja visionário ou exageradamente otimista. Ele dizia toda a verdade aos Seus ouvintes e deixava que eles formassem a sua opinião. Ele podia entristecer-se coma retirada de um interessado que não podia enfrentar a verdade; nunca, porém corria atrás dele para tentar ganhá-lo mediante róseas promessas. Ele queria que O seguissem sabendo o preço, ou, se não, deixava que seguissem os seus próprios caminhos. Isto é simplesmente dizer que Cristo é honesto. Podemos confiar nEle.
Ele sabe que nunca será popular entre os filhos de Adão e sabe que os Seus seguidores não precisam esperar popularidade. O vento que sopra em Seu rosto será sentido por todos quantos viajam com Ele e nós não somos intelectualmente honestos quando procuramos ocultar-lhes esse fato. Oferecendo aos nossos ouvintes um evangelho doce e leve, e prometendo a todo aquele que o recebe um lugar na encosta ensolarada da colina, não apenas os enganamos cruelmente, mas também garantimos alto índice de acidentes entre os conversos obtidos mediante essas condições. Em certos campos estrangeiros foi cunhada a expressão "cristãos com arroz" para descrever os que adotam o cristianismo por algum lucro.
O missionário experimentado sabe que o converso (religioso leigo) que tem de pagar algum preço por sua fé em Cristo é que perseverará até o fim. Ele começa já com o vento a soprar-lhes no rosto, e se a tempestade ficar mais forte, ele não retrocederá, porquanto foi preparado para suportá-la. Abaixando o preço do discipulado, estamos produzindo cristãos do arroz às dezenas de milhares, precisamente aqui, no continente americano. Os que lembram dos tempos passados, lembrar-se-ão da explosão do comércio de terras na Flórida há alguns anos, quando alguns inescrupulosos corretores de imóveis ficaram ricos vendendo grandes extensões de pântanos cheios de jacarés a preços fantásticos a nortistas ingênuos. Agora mesmo há uma explosão no setor dos bens religiosos, na encosta ensolarada da colina. Milhares estão investindo e uns poucos empresários estão ficando ricos; mas quando o público descobrir o que comprou, alguns desses empresários terão de abandonar o negócio. E isso pode não acontecer tão cedo.
O que terá Cristo para oferecer-nos, que seja seguro, genuíno e desejável? Ele oferece perdão dos pecados, purificação interior, paz com Deus, a vida eterna, o dom do Espírito Santo, vitória sobre a tentação, a ressurreição dos mortos, um corpo glorificado, a imortalidade e um lugar de moradia na casa do Senhor para sempre. Estes são alguns dos benefícios que nos vêm como resultado da fé em Cristo e da entrega total a Ele.
Acrescentamos a estes as maravilhas ascensionais e as crescentes glórias que virão a ser nossas através das imensas extensões da eternidade, e teremos uma imperfeita idéia do que Paulo denominou "insondáveis riquezas de Cristo" ( Ef, 3:8). Aceitar o chamamento de Cristo muda de fato o pecador que a Ele se entrega, mas não muda o mundo.
O vento continua soprando em direção ao inferno, e o homem que caminhar na direção oposta terá o vento batendo no rosto. E é melhor levarmos isto em conta quando ponderarmos as realidades espirituais. Se as insondáveis riquezas não merecem que por elas soframos, é bom saber disso agora e parar de brincar de religião. Quando o rico e jovem governante soube do preço do discipulado, retirou-se triste. Não pôde renunciar à encosta ensolarada da colina.
Mas, graças sejam dadas a Deus, em cada época existem alguns que se negam a retroceder. O Livro de Atos dos Apóstolos é a história de homens e mulheres que expunham o rosto ao rijo vento da perseguição e do prejuízo, e seguiam o Cordeiro aonde quer que Ele fosse. Sabiam que o mundo odiou a Cristo sem motivo, e os odiava por causa dEle; mas pela glória que lhes foi proposta, continuaram resolutos pelo caminho. Talvez se possa reduzir a coisa toda a uma simples questão de fé e incredulidade. A fé vê de longe a vitória de Cristo e se dispõe a suportar toda e qualquer dificuldade para participar dela.
A incredulidade não está segura de coisa alguma, exceto que odeia o vento e aprecia a encosta ensolarada da colina. Cada pessoa terá de decidir-se sozinha, se poderá arcar ou não com o terrível fausto da incredulidade.