terça-feira, 17 de março de 2009

Um beija-flor no meu dia

Compromissos, agenda cheia, um telefone que não para de tocar, mil elogios, convites e reuniões. Bem certo, eu talvez alcancei o lugar que eu queria, não, eu tenho bem mais do que eu desejei, acho que não sonhei tão alto. Antes dos 30 anos, tantos que disseram querer estar no meu lugar, e pensar que não foi tão fácil, porque seria simples mudar o rumo de uma vida, sei que não foi por sorte, não acredito em destino e sorte na vida.
Esforço, com escolhas, quem não conseguiria, dedicação e a dolorosa renúncia, sobretudo a proteção de Deus. De fato tudo é possível quando se tem um caminho a chegar e se caminha no rumo certo. Em meio a tantas atividades me lembrei de um dia que apareceu um filhote de beija-flor em casa.
Pequeno demais para conseguir voltar sozinho para casa, audacioso demais pensou que já poderia voar longe. Peguei uma seringa bem pequena, em um pires coloquei pedaços de frutas, fui alimentá-lo. De uma caixinha de sapatos fizemos uma casa, a alegria das crianças e das visitas, hora depois a mãe do filhotinho apareceu para alimentá-lo rotinamente, intervalos de horas lá estava ela, não se importando com as visitas e com a curiosidade das crianças.
A casa estava sempre cheia, desse pequeno pássaro aprendi uma lição de Deus. Uma mãe sempre cuida do um filho seu, um pai nunca maltrata um filho, também é assim com Deus, que nunca e nem jamais abandona. Ele que é puro, santo e a perfeição do amor. Eram os últimos dias de vida da minha mãe, um câncer terminal, tinha voltado para casa para os últimos dias segundo os médicos. O trabalho estava lá, os problemas, os compromissos sociais e familiares.
Havia voado tão alto, conquistado coisas que jamais esperei, mas de repente não era forte o suficinte para suportar, tinha tantos planos e sonhos com a minha mãe, meu broquel por tantos anos. Um câncer raro e incurável, violento demais, tão forte, agora tão pequena, sensível, mal conseguia respirar e se alimentar. Lembro de pegar um dia o filhote e levar até ela no quarto, para animá-la a comer, ela riu um pouco, fez brincadeiras, seus olhos fitando o pequeno beija-flor.
O pássaro foi atração por uns dias, meu telefone continuou a tocar sempre e sempre, os compromissos, os problemas, tudo igual, o beija-flor ganhou sessão de fotos, as crianças se admiravam, virou assunto no carro, na escola, e celebridade para as visitas. Minha mãe saiu do quarto naqueles dias para o hospital, o pequeno filhote voou no dia que cheguei do cemitério. Quem não acredita em sorte e destino, muito menos acredita em acaso, creio no que Deus nos diz nas pequenas coisas, nos pequenos milagres do dia-a-dia.
Meu mundo não pode ser parado, o trabalho vai sempre está ali, os problemas, os compromissos, louvo a Deus por isso, mas sei que nas lutas do cotidiano eu posso me lembrar dessa lição. Ficar parado debaixo da proteção do Senhor, de um Pai, esperar por Ele. Que nada impede Ele de socorrer um filho seu, fazer justiça, nada impede a VERDADE.
O mundo está desabando, você não pode fazer nada, o estranho e os inimigos te rodeiam e cercam, sente fome, medo ou frio? Duvido que Deus te deixe só, não olhe para ti, se abrir bem os olhos e o coração não só sentirá, como irá vê-lo.
Não são as coisas desse mundo que comove o coração de Deus, mas as pessoas. Um sinal?! Lembro do beija-flor como Deus me dizendo ... já viu uma mãe deixar um filho? E eu respondo, não, uma mãe faz tudo por um filho. E Ele diz, então pense eu, seu Deus!